“E, orando, não
useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito
falar serão ouvidos; não vos assemelheis, pois, a eles …” (Mt 6.7,8).
As pessoas
não-evangélicas, quando lêem a Bíblia e se deparam com os ensinamentos de
Jesus, em Mateus 6.5-15, sobre como se deve orar, não têm a atenção voltada
para o que está nos vv 7 e 8. Neles consta que não devemos usar de vãs
repetições, segundo o costume dos gentios, os quais pensavam que, por suas
repetições sucessivas, seriam ouvidos. Mas quem eram os gentios? Eram os que
não faziam parte do povo de Deus. Jesus estava dizendo, em outras palavras, o
seguinte: “E ao conversar com Deus, não usem de repetições ocas, vazias,
fúteis, sem valor, como os pagãos, os idólatras; porque imaginam que, pelo seu
muito falar, serão ouvidos; não se tornem, pois, semelhantes a eles; não os
imitem…”
A ênfase não recai
apenas na palavra vãs, mas também em repetições. É certo que Paulo disse: “Orai
sem cessar. Em tudo dai graças, porque essa é a vontade de Deus em Cristo Jesus
para convosco” (1 Ts 5.17,18), mas aqui é diferente, pois o apóstolo nos está
incentivando ao costume incessante da oração, principalmente com o fim de
louvarmos a Deus, o que a maior parte das pessoas se esquece de fazer,
preocupadas apenas em pedir.
Oração é conversa
franca, espontânea e respeitosa com Deus, louvando-o, agradecendo-lhe e
fazendo-lhe pedidos. É também adoração. Adorar, do latim adorare, significa
fazer oração. Sendo assim, como se trata de uma conversa com Deus e adoração a
ele, jamais pode ser dirigida a um santo. E é lógico que nosso Pai quer que
conversemos com ele com nossas próprias palavras, o que não acontece nas rezas.
Normalmente os rezadores, em momentos alegres ou tristes, só conseguem repetir
o Pai-nosso, a ave-maria e outras rezas ensinadas pela igreja. Não sabem falar
com Deus, espontaneamente.
Por que Jesus
condenou o uso de repetições de frases? Além de a maior parte das pessoas não
dizerem o que lhes está no fundo do coração, pois apenas decoram e repetem o que
outrem escreveu, nem sempre apropriado para o momento, trata-se de invenção dos
gentios, os quais criaram e usavam uma espécie de rosário para se dirigir a
seus deuses. Ralph Woodrow, falando da origem do rosário, esclarece:
“A The Catholic
Encyclopedia diz: ‘Em quase todos os países, então, encontramo-nos com algo na
natureza de contas de oração ou contas de rosário.’ Continua até citar um
número de exemplos, incluindo uma escultura da antiga Nínive, mencionada por
Layard, de duas mulheres com asas, rezando diante de uma árvore sagrada, cada
uma segurando um rosário. Por séculos, entre os maometanos, uma corrente de
contas consistindo de 33, 66 ou 99 contas tem sido usada para contar os nomes
de Alá. Marco Pólo, no século treze, ficou surpreso de encontrar o rei de
Malabar usando um rosário de pedras preciosas para contar suas orações. São
Francisco Xavier e seus companheiros ficaram igualmente atônitos em ver que os
rosários eram universalmente familiares aos budistas do Japão. Entre os
fenícios um círculo de contas, parecendo um rosário, era usado no culto a
Astarte, a deusa-mãe, em torno de 800 a.C. Esse rosário é visto em algumas
moedas fenícias mais recentes. Os brâmanes desde tempos primitivos têm usado
rosários com dezenas e centenas de contas. Os adoradores de Vishnu dão aos seus
filhos rosários de 108 contas. Um rosário semelhante é usado por milhões de
budistas na Índia e no Tibete. O adorador de Shiva usa um rosário sobre o qual
repete, se possível, todos os 1.008 nomes de seu deus. Contas para contagem de
orações eram conhecidas na Grécia Asiática. Tal era o propósito, de acordo com
Hislop, do colar visto na estátua de Diana…” (Babilônia: a Religião dos
Mistérios, pp. 27/28).
Tratando-se de
costume pagão, o rosário não poderia ter entrado numa igreja que se diz cristã,
o que aconteceu através de Pedro, o Eremita, em 1090 d.C. Ao invés de o
rejeitarem, foi aceito como uma inovação, e esta, hoje, faz parte de suas
tradições. Tertuliano (falecido em 230) já dizia que “Cristo se intitulou a
Verdade, mas não a tradição… Os hereges são vencidos com a Verdade e não com
novidades.” E Venâncio (ano 450), acrescenta que “inovações são coisas de
hereges e não de crentes ortodoxos” (Raimundo F. de Oliveira, Seitas e
Heresias, Um Sinal dos Tempos, p. 29,30).
Os católicos sempre
fizeram uso do rosário. Muitos o chamam de terço. Usam-no, em miniatura, até
mesmo como enfeite ou amuleto na lapela, sem terem analisado sua procedência
nem se está de acordo com a Palavra de Deus, ainda mais que, na atualidade, um
padre carismático incentiva, pela televisão, o uso do terço bizantino, o qual
nos parece um método de repetição mais inconveniente que o outro, pois repete
não a reza completa, mas cada palavra várias vezes seguidas.
Até à atualização
feita em 2002 pelo papa João Paulo II, através da Carta Apostólica Rosaium
Virginis Mariae, cada rosário – que continua sendo uma enfiada de cento e
sessenta e cinco contas -, era composto de três blocos (por isso mesmo chamados
de terços), cada um deles consagrado a honrar cinco mistérios da vida de Jesus
e de Maria – ciclos litúrgicos:
· Primeiro terço:
cinco mistérios gozosos ou da alegria – Finalidade: honrar a anunciação do
arcanjo a Maria; a visita dela a Isabel; o nascimento de Jesus; a apresentação
dele no templo/a purificação de Maria; e o menino encontrado entre os doutores;
· Segundo terço:
cinco mistérios dolorosos ou da dor – Agonia de Jesus no horto; sua prisão e os
açoites; a coroa de espinhos; seus passos carregando a cruz; e sua
crucificação;
· Terceiro terço:
cinco mistérios gloriosos ou da glória – Ressurreição; ascensão do Senhor;
Pentecostes; assunção de Maria (?); e coroação da Virgem como Rainha do Céu e
da Terra (?).
Acontece que, a
partir da atualização feita pelo papa, lhe foi introduzido mais um grupo de
mistérios: os luminosos ou da luz – Jesus sendo batizado no rio Jordão; ele nas
bodas de Caná, quando transformou a água em vinho; ele anunciando o reino de
Deus e convidando à conversão; sua transfiguração no monte Tabor; e a Santa Ceia,
com a instituição da eucaristia.
Porém João Paulo II
não notou que, com a inclusão de mais um bloco – também composto de cinco
mistérios -, estaria criando o “quarto terço”, o que, no caso, é impossível,
pois se trataria um rosário inteiro (três terços) e de mais um pedaço (um
terço) em separado. E, para haver o quarto bloco, os tradicionais “terços do
rosário” teriam, pela lógica e bom senso, de deixar de existir.
Soubemos que, em
vista disso, teria sido ventilada a possibilidade de serem os novos cinco
mistérios distribuídos entre os três “terços” antes existentes. Mas isso também
seria incoerente.
Vejamos:
a) Não daria
resultado exato a divisão dos novos cinco mistérios entre três blocos. Dois
destes, por exemplo, passariam a ter sete mistérios e um apenas seis. De
qualquer outra forma que fosse feita a divisão sempre haveria pelo menos um
bloco menor que os outros, com o que não poderiam ser chamados de “terços”,
pois, para tanto, todos deveriam ter quantidades exatamente iguais.
b) Além disso, se
os mistérios luminosos fossem distribuídos, não mais se poderia dizer que o
primeiro terço seria composto de mistérios gozozos, o segundo de dolorosos nem
o terceiro de gloriosos, pois, entremeados aos três haveria mistérios
luminosos.
Um católico, que responde perguntas sobre sua igreja pela internet e ataca os evangélicos, disse que o Vaticano fez apenas sugestões, deixando a cada fiel a decisão de manter o rosário como sempre foi ou acrescentar-lhe os mistérios luminosos. Cremos não ser isso possível. Tanto assim que um padre disse que a “a solução é simples e já vem sendo adotada pelo próprio Papa e por algumas comunidades. A Palavra Rosário significa um punhado de rosas. O Rosário é dividido em quatro coroas. Aliás, a expressão ‘coroa de Nossa Senhora’ sempre foi usada na Igreja para significar o antigo terço. Então, daqui para frente, o Rosário será dividido em quatro coroas…” Ele deve ter dito “antigo terço” baseando-se em que coroa era um rosário composto de sete padres-nossos e sete dezenas de ave-marias.
Um católico, que responde perguntas sobre sua igreja pela internet e ataca os evangélicos, disse que o Vaticano fez apenas sugestões, deixando a cada fiel a decisão de manter o rosário como sempre foi ou acrescentar-lhe os mistérios luminosos. Cremos não ser isso possível. Tanto assim que um padre disse que a “a solução é simples e já vem sendo adotada pelo próprio Papa e por algumas comunidades. A Palavra Rosário significa um punhado de rosas. O Rosário é dividido em quatro coroas. Aliás, a expressão ‘coroa de Nossa Senhora’ sempre foi usada na Igreja para significar o antigo terço. Então, daqui para frente, o Rosário será dividido em quatro coroas…” Ele deve ter dito “antigo terço” baseando-se em que coroa era um rosário composto de sete padres-nossos e sete dezenas de ave-marias.
Se foi dito que “a
solução é simples e já vem mesmo sendo adotada” pelo pontífice, é sinal de que
concordam que houve erro ou, pelo menos, problemas. Mas nem os auxiliares
papais que, segundo dizem, são de elevadíssima cultura, notaram isso? Se o papa
falhou em uma simples e fácil fração, cometendo erro primário, como podem
continuar a achá-lo infalível, inclusive em questões difíceis?
Mas perguntamos:
Alguém tem dito que vai “rezar o quarto” ou “rezar a coroa”? O que continuamos
a ouvir, de modo geral, seja de cultos ou iletrados, é “rezar o terço”.
Inclusive no opúsculo O Novo Rosário, com os Mistérios da Luz, 4.ª ed, Paulus.
2002, no “Oferecimento” (p. 7), deparamo-nos com o seguinte: “Divino Jesus, nós
vos oferecemos este terço que vamos rezar…” Já em pleno vigor os quartos,
continuam a chamá-los de terços. É ilógico alguém dividir qualquer coisa em
quatro partes e, ainda assim, dizer que cada uma delas corresponda a um terço.
O sistema fracionário perderia toda a lógica. Com isso, acontece mais uma coisa
incrível e absurda no catolicismo: João Paulo II passa para os católicos que
1/4 agora é igual a 1/3. E eles têm aceitado, alguns talvez sem o notar.
Se o católico
passar a dizer: “Vou rezar o quarto”, alguém poderá interpretar que irá
exorcizar um compartimento de dormir. Mas se disser: “Vou rezar a coroa”,
poderá parecer que estará usando gíria, ou seja, estará dizendo que irá rezar
uma solteirona ou uma senhora idosa, o que poderá parecer abuso com as coisas
de Deus. E o pior: em algumas regiões, “rezar a coroa” é o mesmo que rezar a
glande, a cabeça do pênis.
Rezas com terços,
principalmente quando por determinação do padre como penitência, ganham aspecto
de castigo. Oração, porém, nunca deve ser vista como punição, mas como
necessidade e prazer.
Jesus, logo após
ter condenado as vãs repetições, deu-nos um modelo de oração, que é o Pai-nosso
(Mt 6.9,13). Isso demonstra que este não deve ficar sendo repetido
sucessivamente, como acontece no rosário. Ele ainda esclareceu que “de toda
palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo” (Mt
12.36). Como palavras frívolas e vãs significam a mesma coisa, os rezadores se
surpreenderão na presença de Deus, pois, em lugar de ser justificados, terão de
prestar contas de seu erro, uma vez que, mesmo que aleguem ignorância, “Deus
jamais inocenta o culpado” (Na 1.3). Não é porque alguém julga que alguma coisa
agrada a Deus que deverá praticá-la sem antes confrontá-la com as Escrituras,
pois “há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de
morte” (Pv 14.12).
Os adeptos de
repetições, como as do rosário, se justificam citando os Salmos 118.1-4 e o 136
(Bíblia de Jerusalém: 117.1-4; 135). Mas os Salmos são textos poéticos,
escritos para ser cantados. A expressão neles repetida foi usada pelos cantores
à frente do exército (2 Cr 20.21). Também a cantaram os sacerdotes e levitas
quando foram lançados os alicerces do templo em Jerusalém (Ed 3.11). Mesmo
assim, devemos notar o seguinte: no 118, as tribos, umas após as outras, iam
dizendo a frase; não a repetiam. No 136, ela era repetida complementando o
sentido das diversas outras nunca iguais.
Outros se
justificam dizendo que Jesus, no Getsêmani (Mt 26), teria repetido uma oração
três vezes. Todavia, se examinarmos o texto, veremos que não foram frases
idênticas, embora o pedido o fosse. Muito menos decoradas. Ele estava
conversando com o Pai.
Se você quer orar,
saiba que na Bíblia inteira, da primeira à última página, orações são dirigidas
só a Deus. No Antigo Testamento, elas não eram feitas em nome de Jesus Cristo
pelo fato de que ele ainda não tinha vindo ao mundo como homem para nos salvar
e ser nosso único Mediador (1 Tm 2.5) – aquele que intervém em nossa
reconciliação com o altíssimo -, e vive “sempre para interceder” por nós (Hb
7.25), além de ser nosso Advogado (1 Jo 2.1).
Vindo ele, em seus
ensinamentos confirma, como não poderia deixar de ser, que devemos pedir
diretamente ao Pai, porém agora através de seu nome (Jo 14.6,13; 15.16; 16.24).
Apenas uma vez, em João 14.14, ele abre uma exceção, dizendo: “Se me pedirdes
alguma coisa, em meu nome, eu o farei”. Em outros termos, ele ensinou que
devemos pedir diretamente ao Pai, em seu nome, mas se lhe pedirmos (a ele,
Jesus) alguma coisa, ainda assim não deveremos utilizar o nome de ninguém mais
a não ser o dele, que ele nos atenderá.
Não obstante a
igreja católica determinar que sejam rezadas atualmente, pelo rosário, duzentas
ave-marias, vinte Pais-nossos (dez vezes mais a ela que a Deus) e que sejam
dadas vinte glórias ao Pai (sem se mencionar o imprescindível nome Jesus nem ao
menos uma única vez sequer), afirmamos que Cristo jamais ensinou que devemos ir
a si através de Maria. Isso é acréscimo feito por homens. A Bíblia assim se
expressa com relação a quem os faz: “Nada acrescentes às suas palavras (de
Deus), para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso” (Pv 30.6).
Não podemos fazer
orações a nenhum morto (no caso, “santos”), pois, segundo vimos, além de
orações só poderem ser dirigidas a Deus, a Bíblia proíbe que consultemos quem
já faleceu (Dt 18.11,12). E orações, promessas, rezas, pedidos, etc., a quem já
partiu deste mundo são bem mais que consulta.
Não use frases
decoradas, escritas por quem você nem ao menos conheceu. Converse com o
Altíssimo como você conversaria com um pai amigo, que está disposto a ouvi-lo a
qualquer hora e sem burocracias. Orações feitas em desacordo com o que ele
estipulou acabam sendo desobediência, pecado.
Roosevelt Silveira
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